Expressões diminutas sobre temas indefinidos, registradas de forma breve e impensada, quase sempre insensatas, mas eventualmente geniais. Pensamentos dispersos publicados em intervalos de tempo inconstantes e imprevisíveis. Num único parágrafo.
Catarina
Catarina trabalha no caixa de um banco. Suja as pontas dos dedos ao manusear dinheiro. Escuta os lamentos das pessoas que pagam impostos, contas, multas. Pessoas que fazem depósitos e transferências. Catarina, não parece, mas vai à praia. Tem uma fina marca de biquíni nos ombros à mostra pela gola larga. Escuta impropérios, nomes feios, palavras de baixo calão. Por causa de fila, erros e desentendimentos, Catarina se estressa com o estresse dos outros. Porém, mantém o cabelo preso em um coque simples, que deixa uma mecha cair sobre o flanco de um dos olhos castanhos escuros. Catarina, não parece, mas usa maquiagem quando sai à noite. E respira fundo, conta até 10, tenta organizar o atendimento. Catarina sorri amarelo, de escárnio, vez em quando de sarcasmo. Catarina não sabe, mas poderia desarmar o rancor alheio. Catarina, não parece, ou parece não ter certeza, mas tem seu charme.
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